E então a chama se levantou alto, apontando para o céu escuro, e o mundo começou a girar mais rápido. Esse fogo não pode mais ser ignorado, uma vez aceso.
Era um pequeno carvãozinho, parado ali no seu canto, enquanto o sistema todo funcionava normalmente. Luz e sombras brandiam suas espadas uma contra a outra, caos acontecia, tudo explodia, e a pedra preta inflamável ficava ali. Parada.
E sob a lua, o inexorável resolve que está na hora de mexer nesse sistema por dentro. Está na hora de provar de um novo tipo de caos, aquele que vai testar se todos os anos de aprendizado sobre este mundo orgânico, que é o próprio interior, funcionam na prática. É um novo contexto. Autocontrole no máximo, apitando, palpitando, e a resistência é testada sob pressão catastrófica.
A combustão acontece, então, e o jogo começa. O jogo no qual não se faz idéia de o que seja ganhar ou perder, e a rolagem de dados mostra resultados oblíquos, caindo e equilibrando-se nos vértices, diz apenas que você ainda consegue continuar. E o caminho não pode ser analisado de forma a se saber se está indo pra frente ou para trás. É só um caminho pra dentro, cada vez mais.
Uma vez que o fogo está aceso, nada mais se pode fazer: proibi-lo de queimar o ar e se manter, é pedir que ele fique mais forte; não se pode tentar controlar ou desviar das faíscas que queimam; o fardo agora é o peso de esperar que ele se enfraqueça ou que vire uma labareda poderosa por si só, tomando a decisão de alimentá-lo ou tentar extingui-lo no instante exato, sob o sopro correto do vento frio.
Até lá, rasgue o céu e seja a fênix que você pode ser, por que parte da diversão é ver o fogo queimar o que pode. E fugir não é mais uma opção.
Um comentário:
"parte da diversão é ver o fogo queimar o que pode".
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