Sua face pasma, com a mão jogada por cima da boca e rugas de expressão na testa, não mentia. Eram tantos pensamentos, tantos exemplos que ele poderia dar. Tantos momentos em que ele se policiou pra não fazer o que não deve e pra não ser exatamente o que era jogado nele agora. Uma torrente de sentimentos passou por sua mente, trazidos pelas lembranças, até recentes, do seu esforço. Mas ele segurou tudo, tentando ficar calado. Queria ver até onde tudo aquilo iria.
Então é isso? É assim que é visto? Olhou pra dentro de si mesmo e procurou respostas. Realmente considerou, por um breve momento, se poderia haver verdade naquilo que era atirado contra ele, na ponta da flecha. Como que encontrada por sua própria mão e exposta claramente a seus olhos, surgiu a resposta: “Não. Esse não sou eu. Esse é exatamente o tipo de pessoa que eu decidi ser o oposto desde que eu tinha quinze anos de idade, ou treze. Essa pessoa, esse não-eu, corrompe e destrói tudo com o que eu me importo. Suja o chão por onde passa e ofende o próprio ar que respira”.
Um comentário:
Um dos meus textos preferidos do teu blog até agora. Foda.
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