Os cascos de seu cavalo negro escorregavam no chão enlameado e irregular enquanto ele cavalgava veloz. O vento forte machucava os olhos e desprendia as lágrimas. Precisava chegar rápido, não podia se atrasar nem um minuto que fosse. Não poderia perder essa chance, talvez a única chance.
Subiu a colina e observou o campo à sua frente. Kilometros de campo aberto e de mato alto e uma descida pouco íngreme o separava de seu destino. Ao longe, podia ver a chuva forte que caia. Sempre a chuva.
Podia sentir o cheiro da chuva enquanto continuava a cavalgada desenfreada. A grama aos joelhos de sua montaria passava em um borrão verde e a terra espirrava para trás do cavalo. O alazão não se assustava nem com os trovões mais fortes, bem como seu cavaleiro. Os clarões eram encarados como dádivas, davam força para continuar a empreitada e completar a missão.
As muitas horas, talvez dias, de corrida contra tempo, clima e cansaço finalmente terminavam. Já podia encarar o imenso portão de madeira que dava passagem através da muralha. Na parte baixa, na altura da cabeça de um homem, havia um grande escudo marcado com a grande cabeça de um leão, como que observando e avaliando a coragem daqueles que se aproximavam.
Foi um esforço para parar o grande cavalo em frente ao portão. Ele parecia querer continuar para sempre.
O homem, com a roupa molhada e suja, mas um ar vitorioso, encarou o portão. Desmontou, apertou mais a fivela do cinto que carregava a espada e andou até o portão. Bateu três vezes no escudo.
A espera pareceu de meses. A chuva se transformou em tempestade e o frio se intensificou. A noite caiu e o dia se fez e ele continuamente tentou de várias formas abrir o portão, até que finalmente uma pequena fresta se abriu com um barulho enorme e palavras pesadas foram ditas.
De cabeça baixa, o cavaleiro voltou à sua montaria e cavalgou até que sua cabeça pudesse se levantar.
Os cascos de seu cavalo negro escorregavam no chão enlameado e irregular enquanto ele cavalgava veloz.
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