sábado, março 27, 2010

Nada

Post da época que eu fazia curso técnico (informática) de manhã e pré-vestibular a tarde. Machucava.

28/08/08

Nada mais do que um dia cansado.

Os olhos semi-abertos vendo o mundo girando e água sendo jogada na face magra, parecendo ter nada mais do que uma ou duas horas dormidas.

Nada além de caracteres digitados, funções utilizadas e abstrações feitas. Janelas abertas sem o vento entrando. Tudo bem abaixo do ar-condicionado, o frio cortando a garganta machucada, que tenta se esquentar por palavras de lábios ressecados a ouvidos congelados. Lógica utilizada pelos dedos rápidos, movidos pelas engrenagens neurais de apenas mais um iniciante. Pessoas chamam concentração de loucura, raciocínio de desequilíbrio.

Nada de cochilo, não há descanso. As cinzas da mente estacionam enquanto a paisagem passa, machucando os olhos, e o trem amarelo carrega seus escravos de sempre, em frente, sempre em frente, sempre em frente, sempre em frente. Olhos fundos e pernas automáticas percorrem o que resta do caminho, pegando o menor trajeto, fazendo trilhas pela grama baixa, dis(re)torcida.

Nem uma grama de falta de sono na mente nublada, abaixo do sol escaldante (não há sombra, lembra?). Só o vento parece querer ajudar.

A história é sempre a mesma, não importa o quão distante se encontra de seu eixo de rotação. O peso das pálpebras se mistura com a dor no pescoço. O norte tende a sul quando um sono sem sonhos se apressa em acordar sobre o braço dormente. Números infinitos surgem, formigando as mãos instigadas a se mover.

E ao vencedor, as batatas.

Ao fim do dia, horas extras.

Cercado da poeira dos livros antigos, voando de carros a blocos de geometrias estranhas, o diagonal quase caindo para o lado se esforça para não perder o foco. Nada de ângulos errados. Centrado.

E zero. Nada de mais.

Só mais um dia oblíquo pelo caminho torto.

Trem cheio como a cabeça. Catatonismo e, de repente, o lar.

Horas de minutos infinitos que passam na velocidade da luz, quase nao dando tempo de se dar conta do tempo (que é estranho, desde ontem).

E mais e mais letras. Palavras escritas ainda a pensar, e sentidos confusos.

Nada de mais, quando se faz o mínimo pra não ter mais que fazer nada. O mínimo pra nada mais precisar ser mais difícil do que já é.. e talvez no futuro, poder fazer quase menos do que tudo para ter bem mais do que nada. Só uma.

Uma respiração leve. Só o necessário.

E até lá, nada será tão necessário quanto o descanso. Que é tudo o de menos que se tem.

Um texto não é lido, e não é nada de mais.

A mensagem vazia foi dada.


Obrigado, boa noite.

Que você não sonhe nada.

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